Onde Comer
Eventos
Empregos
Encontre
Guia
Você está lendo:
Fazenda Santa Genebra - Barão Geraldo
Conteúdo
história

Fazenda Santa Genebra

Uma passagem histórica sobre as origens de Barão Geraldo

Dividido o latifúndio de Francisco Inácio de Sousa Queiroz, uma parte coube a Genebra Miquelina, casada com o primo Luís de Souza Rezende, filho dos Marqueses de Valença. Genebra Miquelina faleceu muito jovem e seu sogro adquiriu do filho a propriedade dando-lhe o nome de Fazenda Santa Genebra, em homenagem a nora falecida. Em 1889 à fazenda Santa Genebra pertencia uma área de 1.250 alqueires de terra englobando, além de sua área atual, os bairros Santa Genebra, Costa e Silva, e parte da Vila Nova, seguindo até a divisa da estrada de Mogi Mirim e do lado oposto avançava em direção a Paulínia onde hoje se encontram os Amarais e o CEASA.

Geraldo Ribeiro de Sousa Rezende, filho do Marquês de Valença, recebeu a fazenda como herança e a ela dedicou-se integralmente, expandindo-a e implantando inúmeras benfeitorias, tais como o sobrado sede. A fazenda Santa Genebra destacou-se, não apenas por ser, então, umas das maiores da região, mas também por seu pioneirismo marcado por constantes inovações no campo da agricultura. Considerada modelo por adotar os mais modernos processos agrícolas que existiam no século XIX esta fazenda era ponto obrigatório de visitas de personalidades brasileiras e estrangeiras que vinham ver de perto a modernidade dos processos empregados pelo Barão.

“Como herança ficou a fazenda para o filho dos Marqueses, o Barão Geraldo de Rezende que construiu o sobrado-sede, transformou a propriedade em fazenda modelo, como ótima organização e administração, sendo-lhe obrigatório receber visitas dos mais ilustres visitantes oficiais estrangeiros, quer no Império, quer na República, tendo lá estado o príncipe Conde d’Eu em 1884.” (15)

Geraldo Ribeiro de Sousa Rezende, nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de abril de 1846, filho de Estevão Ribeiro de Rezende e de Ilia Mafalda de Sousa Rezende, Marquês e Marquesa de Valença, e casou-se, em 20 de junho de 1876, com sua prima Maria Amélia Barbosa de Oliveira, filha do Conselheiro Albino José Barbosa de Oliveira e de Isabel Augusta de Sousa Queirós Barbosa de Oliveira, proprietários da fazenda Rio das Pedras. Sua sogra era irmã de sua falecida cunhada, Genebra Miquelina, ambas filhas do Brigadeiro Luís Antônio de Souza Queiroz.

O Comendador Geraldo Ribeiro de Sousa Rezende era amigo pessoal do Imperador D. Pedro II e exerceu na Corte Imperial o cargo de Moço Fidalgo e de Comendador da Ordem de Cristo. Militante do Partido Conservador do qual era um dos líderes em Campinas, foi vereador entre 1883 e 1886 e eleito deputado geral do Parlamento Nacional imediatamente anterior à Proclamação da República. Em 20 de janeiro de 1889 foi agraciado com o título de Barão de Iporanga por decreto de D. Pedro II, título o qual a seu pedido foi alterado para Barão Geraldo de Rezende. Logo após a instalação da República o Barão Geraldo retirou-se da atividade política dedicando-se exclusivamente à sua fazenda que tinha, então, plantados 500.000 mil pés de café.

Os investimentos realizados na fazenda Santa Genebra pelo Barão ultrapassavam os limites da tecnologia empregada na agricultura brasileira da época. Esta fazenda, por isso mesmo considerada modelo internacional, possuía maquinaria avançada e utilizava os mais modernos e arrojados métodos agrícolas empregados nos Estados Unidos. Um exemplo disso é que desde o início do século XX a Santa Genebra possuía plantadoras americanas de tração animal, enquanto que o resto do Brasil só foi conhecer estas máquinas no final da década de 40.

Não só a tecnologia tornava famosa esta fazenda, mas também a estética de vanguarda e o conforto da casa grande. O sobrado majestoso construído em fins do século XIX contém um corredor todo envidraçado ligando à sala de jantar, decorado com arranjos de plantas, como se fosse uma belíssima estufa. Na área que cercava o sobrado foi feito um terreiro com iluminação a gás. Entre a fazenda e a cidade de Campinas, o Barão construiu uma avenida de bambus, com lírios plantados no meio, ligando a sede ao bairro Guanabara. Por esta avenida passavam as carruagens conduzindo sua família e seus hospedes ilustres.

Além do Conde D’Eu a Fazenda Santa Genebra acolheu o Barão de Ibiapa, Contra Almirante G. Fournier, comandante em chefe da Divisão Naval Francesa no Atlântico, Conde Lalaing, ministro residente na Bélgica, W. Pocom, Cônsul dos Estados Unidos, membros da Comissão Americana, Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles, presidente da Província de São Paulo, Conde Antonelli, Ministro da Itália, Conde Michel de Giers, Ministro da Rússia, entre outros.

Os filhos, noras e netos do Barão Geraldo moravam na Corte no Rio de Janeiro, ou em Paris. Ele aqui vivia apenas com sua mulher Da. Maria Amélia. Os investimentos excepcionais para a época e os custos de sua família, que vivia na abundância e na ociosidade da vida aristocrática, levaram a Santa Genebra à falência. Geraldo Ribeiro de Souza Rezende se viu obrigado a vender a Santa Genebra para Lins de Vasconcelos, porém o Barão Geraldo não saiu daquela terra à qual tinha dedicado sua vida produtiva e onde havia plantado todos os seus sonhos. Concluídas as transações de compra e venda, em 1º de outubro de 1907 ele veio a falecer na própria fazenda. São duas as versões sobre sua morte: a oficial e da família de que ele teria morrido de enfarte e a segunda: contam os antigos moradores e colonos que o Barão Geraldo suicidou-se, tomando veneno de rato.

O enigma da morte permanece nas tradições orais dos bairros populares da cidade como atesta o texto e o desenho produzidos por adolescentes participantes das oficinas oferecidas por pesquisadores do Centro de Memória em colaboração com a instituição Direito de Ser no Espaço Esperança. Projeto “Memória, Qualidade de Vida e Cidadania” desenvolvido no bairro Jardim Campineiro no segundo semestre de 2002, financiado por CNPq/FAPESP.

O Corpo Seco

-Antigamente, havia um dono de uma fazenda a Santa Genebra que fez uma promessa para a Santa "Nossa Senhora da Aparecida". E antes que ele cumprisse a promessa, ele morreu mas, antes que ele morresse, lhe apareceu um vulto de mulher vestida de branco e lhe disse.

-Você não cumpriu a promessa, por isso vou te condenar a virar "corpo seco". Assim, depois que ele morreu, ele não se desfez, continuou intacto do jeito que foi enterrado, só que ressecado.

-E ele continua vagando até que ache uma pessoa que o leve a cumprir a promessa, ou cumpra para ele, essa promessa. Se isso acontecesse, ele até se desmancharia, como é normal, mas se não, continuará como uma "alma penada", assustando quem de noite vai prôs lados da Mata da Santa Genebra.

					(Patrícia Santos Araújo)

Pouco tempo depois a Santa Genebra, com 1.166 alqueires, foi adquirida pela fortuna de 601$000 (seiscentos e um contos de réis) por Cristiano Osório de Oliveira, banqueiro, fazendeiro e exportador de café, um dos mais bem sucedidos capitalistas brasileiros, proprietário da Casa Comissária Cristiano Osório de Exportação de Café, de Santos, onde tinha como sócio Moreira Salles, empreendimento bancário que transformou-se no UNIBANCO. Com a crise de 29 muitos fazendeiros entregaram suas propriedades à Casa Cristiano Osório de Oliveira como quitação de dívidas impagáveis. Com o lucro destas transações, este capitalista comprou ações da Companhia Mogiana da Estrada de Ferro, tornando-se um de seus maiores acionistas.

Ao contrário do aristocrata Barão Geraldo, Cristinano Osório emergia da burguesia, vindo de família pobre e sem tradição, semi-analfabeto, mas sabia multiplicar seu patrimônio e não permitia que seus bens fossem dilapidados por sua família. Muito pelo contrário, desde cedo seus filhos assumiram suas inúmeras fazendas de café, nelas trabalhando e tornando-as ainda mais produtivas e rentáveis. Suas melhores terras estavam localizadas na região de São João da Boa Vista, região serrana e que por isso o café ali plantado era de qualidade muito superior.

A Santa Genebra coube a seu filho José Pedro, cuja mulher Jandira era de São Paulo, o que facilitava a administração desta propriedade. Eles tiveram três filhas, Nilza Maria, Tereza e Vera, e oito netos, hoje seus herdeiros, proprietários da fazenda e dos investimentos desta decorrente. Após assumir a fazenda Cristiano Osório trouxe como administrador um homem de sua confiança Alberto de Salvo, que efetivamente administrou e dinamizou a fazenda até sua morte, quando foi substituído por seu filho Ari de Salvo.

“Ao contrário do Cristiano Osório que era um comprador de café, tudo o que ele comprava ficava com ele, não dava para a família esbanjar, por isso também que ele não quebrou com a crise de 29, como tantos outros fazendeiros. Banqueiro, sócio do Moreira Salles, Cristiano Osório financiava muitos agricultores e com a crise de 29 muitos fazendeiros entregaram suas terras para ele como quitação das dívidas, impagáveis. Com esse dinheiro ele comprou muitas ações da Companhia Mogiana da Estrada de Ferro, semi analfabeto, se tornou um dos maiores capitalistas do Brasil, dono de casa bancária, chamada Cristiano Osório de Oliveira, junto com o Moreira Salles, que hoje é UNIBANCO, e dono de casa exportadora de café”.

						- (Entrevista com Ari de Salvo)

Na década de 30, após a crise de 29 quando o café brasileiro sofreu a mais forte queda no mercado internacional, levando a falência a maioria de seus produtores, o Instituto Agronômico de Campinas – IAC – através de um de seus mais importantes e abnegados pesquisadores, o maranhense Raimundo Cruz Martins, apresentou como alternativa salvadora da agricultura paulista o cultivo do algodão com bases científicas, empregando nova tecnologia que aumentava a qualidade e a extensão do fio. Entre as novidades tecnológicas introduzidas por Cruz Martins estavam o equipamento de medição do fio do algodão, a importância do uso do arado e o emprego de fertilizantes químicos. . Estas práticas inovadoras introduzidas na lavoura resultaram em melhorias econômicas e sociais imediatas que se estenderam também às lavouras do milho, do arroz e do feijão. Em pouco tempo o estado de São Paulo tornou-se o principal pólo nacional da produção algodoeira e entre 1930 e 1934 a área de seu plantio pulou de três para trinta por cento do solo produtivo paulista. A exportação deste produto deu ao porto do Santos novo impulso de crescimento, pois em apenas um ano, 1933 – 1934, o algodão que representava o insignificante percentual de 1% da exportação brasileira saltou para 50%.

A fazenda Santa Genebra tornou-se um dos campos-base de pesquisa do IAC para as culturas de algodão, milho e, posteriormente, soja. Em 1934 o algodão foi plantado em larga escala, em substituição ao café, cujo plantio se restringiu a 600 mil pés. Porém antes da primeira colheita em 1935, faleceu seu proprietário José Pedro de Oliveira, vitimado por uma tuberculose galopante. Supõe-se que José Pedro tenha contraído a doença no porto de Santos onde trabalhava como gerente da Casa Comissária Cristiano Osório. A viúva, Da. Jandira, mudou-se definitivamente para a Santa Genebra e assumiu a administração da fazenda desde então, até sua morte em .....(?)

Depois do algodão foi a vez do milho híbrido introduzido na agricultura paulista pelo pesquisador do IAC Glauco Pinto Vieira. A soja foi impulsionada por José Gomes da Silva, mas seu precursor no Brasil foi o árabe, chamado de Dr. Nami que, fanático pela idéia de expansão do plantio da soja, andava de fazenda em fazenda, visitando seus proprietários e administradores, oferecendo-lhes uma amostra do produto moído para que misturassem-na ao feijão. Em 1958, já sob a administração de Ari de Salvo, filho de Alberto, a Santa Genebra erradicou de vez o café, substituindo-o pelo algodão que foi sua principal fonte de lucro por muitos anos. Com a crise do algodão a fazenda introduziu a soja e a cana-de-açúcar, hoje sua principal cultura e cuja produção é toda alocada para a Usina Esther.

Com exceção da área doada ainda pelo Barão Geraldo para o IAC e para os Padres Sallesianos, para que estes construíssem na área onde se encontram o Liceu e o Colégio São José um educandário para crianças pobres, os Osório de Oliveira mantiveram a integralidade de suas terras até os anos de 1970 quando foram feitos os loteamentos da Santa Genebra 1 e Santa Genebra 2, Vila Costa e Silva e Ceasa. Muito recentemente foram vendidas as terras da fazenda ao longo da Via D. Pedro I para a construção do maior shopping center da América Latina.

Do Livro: Barão Geraldo História e Evolução

Por: Rita Ribeiro

ENTRE EM CONTATO
Dúvidas ou sugestões? Entre em contato com a gente.
FAÇA PARTE
Possui um imóvel ou um negócio em Barão Geraldo?
INFORMATIVO
Faça parte da nossa newsletter, enviaremos no máximo um email por semana contendo informações selecionadas para os nossos leitores. Já entregamos mais de 100 promoções e descontos, além de dicas e acontecimentos. Participe!
ACOMPANHE
Tem muita coisa acontecendo em Barão, siga-nos no Instagram e Facebook para acompanhar o dia-a-dia no nosso distrito.
logo